ALINHAMENTO SAGRADO COM O PÔR-DO-SOL NO SOLSTÍCIO DE VERÃO



Esta extraordinária imagem, configurando uma gigantesca esfera terrestre ou a esplendorosa configuração de um enorme globo solar, fica na vertente de uma antigo castro – o ponto mais alto deste vasto maciço rochoso. Foi registada, pela primeira vez, às 20.45 horas do dia 21 de Junho de 2003. Todos os anos, por esta altura, o sol, ao pousar no horizonte, projecta os seus raios em perfeito alinhamento com a sua crista e o centro do círculo votivo, situado no enfiamento a uns metros a oriente. Assinalando a entrada do Verão e proporcionado um verdadeiro posto de observação astronómico.
A partir desta data, o grande Leão dos Céus, no seu movimento aparente, inicia a sua declinação para o Hemisfério Sul – E, desde o ponto, que a imagem assinala, até ao pôr-do-sol no Solstício do Inverno, distam vários quilómetros: - Não parece crível que seja obra do acaso. Mas essa é um questão que preferimos deixar ao critério de cada pessoa que nos dá o prazer da sua visita.

Para se assistir ao alinhamento é necessário estar ao nível da referida pedra e no enfiamento do seu eixo. Os povos da pré-história (que souberam aproveitar-se da fertilidade do vale, dos abrigos e da segurança desta verdadeira muralha natural) não dispunham dos recursos que hoje temos, pelo que apenas a terão colocado, retocado e direccionado na posição em que a sua esfericidade deveria ser observada.
Feita a observação noutro ângulo, deforma-se, chegando mesmo a parecer um estranho busto – Porventura, configurando, sabe-se lá, senão um outro simbolismo ou interpretação, ainda não decifrada. – No lado oposto, e muito próximo da crista, existe uma inscultura simbolizando o sol. O mesmo se passa na Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, apontada ao Equinócio, tendo, na sua face voltada a ponte, um símbolo solar.
Os homens da pedra lascada, dispunham apenas de rudimentares utensílios de sílex, daí, talvez, a razão pela qual empregassem apenas a sua primitiva ferramenta para dar as formas naquilo que lhes era estritamente indispensável ou necessário. Mas, por outro lado, chegam-nos até hoje testemunhos de que eram possuidores de conhecimentos e de técnicas que lhes permitiam arrastar ou erguer estruturas pesadíssimas.
Este fenómeno solar não é único. Muitos desses blocos ( tais como, menires, estelas, dólmenes, recintos megalíticos), fazem parte de uma antiga herança do passado e, de facto, muitos deles, devido à posição que tomam, são geralmente conhecidos por alinhamentos sagrados, visto estarem em perfeito alinhamento com o sol, a lua ou outros corpos celestes.

A sua origem está ainda envolta nalgum mistério e nalgumas sombras, tal como, de resto, toda a Pré-História. Presume-se, porém, que tenham sido erguidos por antigas civilizações pré-célticas e, também, sabiamente aproveitados por estas culturas que, compreendendo o poder e o significado que representavam, os utilizaram e cultuaram nos seus rituais e festividades, ligadas aos ciclos das estações.

Existem em várias partes do mundo, cada um com as suas especificidades. Porém, uma parte desses monólitos foram destruídos, perderam-se ou caíram no esquecimento


Os dois monumentos pré-históricos - ambos descobertos por Jorge Trabulo Marques - fazem parte dos chamados alinhamentos sagrados, com a mesma orientação de muitas igrejas da antiguidade, ou, recuando ainda mais no tempo, como outros observatórios pré-históricos, existentes em várias partes do mundo, com os quais também já foi notícia internacional. Todos eles em perfeito alinhamento com os corpos celestes, especialmente os Equinócios e os Solstícios.

Os investigadores, que mais se têm debruçado sobre o estudo da área e deste sítio, como Adriano Vasco Rodrigues, e Sá Coixão, admitem a possibilidade dos imponentes megálitos terem sido cultuados por antigos povos que viviam da agricultura do vale sobranceiro, que escolheram o afloramento granítico que ali se ergue, como verdadeira fortaleza natural, para seus abrigos e celebrarem os seus rituais

A primeira referência ao Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora. foi feita por Adriano Vasco Rodrigues, no seu estudo publicado em 1982, sobre a História Remota de Meda., que o classificou como “um local de sacrifícios ou culto do crânio”, remontando ao período "da transição do paleolítico para o neolítico". O investigador, profundo conhecedor do passado histórico da região, no estudo que então efectuou, aludiu ainda à lenda cristianizada, pela qual, na tradição popular, passou a ser conhecida de Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora. Isto, pelo facto do povo associar a existência de uma pintura rupestre, “que parece a pintura de uma cabeleira humana” aos cabelos da Virgem Maria, ”na sua caminhada para o Egipto”.

Esta análise ao Santuário Rupestre aparece pela primeira vez inserida nas páginas do livro de sua autoria: Terras da Meda – Natureza, Cultura e Património, publicado em 1982. No entanto, Adriano Vasco Rodrigues, hoje não tem dúvidas de que “a identificação com uma entidade feminina, que sofreu consagração à Virgem Maria, acompanhada de lenda popular, sugere um culto inicial à Deusa-Mãe, símbolo da fertilidade.” “Trazido do Médio Oriente para o Ocidente peninsular pelos primeiros povos agricultores.” E que “o culto do sol é fundamental nas sociedades primitivas e o conhecimento do calendário das estações para poderem fazer as sementeiras”.E aponta também como exemplo, “já num tempo mais próximo dos nossos dias” o mundialmente famoso Stonehenge

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