Há 215 anos, nascia autora de Frankenstein, mulher à frente de seu tempo


A libertária que era a favor do amor livre, contra as convenções da burguesia


Mary Shelley e Frankenstein: criadora e criatura

Mary Shelley, a autora de Frankenstein, um clássico da literatura gótica de terror, completaria 215 anos nesta quinta-feira (30). Mas quem foi esta escritora muito famosa em sua época que escreveu um livro considerado menor dentro de sua carreira literária mas, ao mesmo tempo, um dos grandes best sellers de todos os tempos.
Quem foi Mary Shelley?
A mulher que amava o pai, William Godwin, um filósofo libertário e sua mãe, Mary Wollstonecraft, que foi uma das primeiras feministas do mundo ocidental, escreveu Uma Defesa dos Direitos da Mulher (1790) e morreu dez dias após o nascimento de sua filha.
A romântica que foge da Inglaterra em uma aventura na Europa continental com seu grande amor, o poeta inglês Percy Shelley, que era casado na época. Com a morte da primeira esposa do escritor, ela casa-se oficialmente com ele. É uma vida de troca de informações intelectuais e comportamentais e a morte do marido afogado na costa italiana, a leva a ficar cada vez mais deprimida.
A libertária que era a favor do amor livre, contra as convenções rígidas da burguesia nascente, ajudou um casal de lésbicas, uma delas a escritora Mary Diana Dods que usava o pseudônimo David Lyndsay, a fugir da Inglaterra cada vez mais casta e vitoriana para uma França mais tolerante na época.
Tudo isto a faz uma mulher impar para sua época, em um tempo em que a educação não era permitida ao sexo feminino, muito menos ter voz política ou literária.
Frankenstein nasce de um encontro de escritores - entre eles, Lord Byron, um dos grandes nomes do romantismo - em um lago na Suíça. É proposto a todos que cada um escreva um conto de terror. Shelley escreve sobre um cientista que tenta ser Deus e cria através das ciências naturais um ser repulsivo, mas inteligente e muito humano. O livro foi um sucesso imediato e assim o é até hoje.
Muitas leituras já foram feitas do personagem, mas uma leitura possível é sobre uma metáfora sobre o grupo de artistas que Shelley frequentava, que eram tão à frente de seu tempo e tão cheios de humanismo que eram considerados uma aberração pelos seus contemporâneos.

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