Dezenas de igrejas foram incendiadas e centenas de cristãos mortos no Egito, em ataques atribuídos à Irmandade Muçulmana

Dezenas de igrejas foram incendiadas e centenas de cristãos mortos no Egito, em ataques atribuídos à Irmandade MuçulmanaOs cristãos do Egito têm vivido momentos de terror com os ataques que vêm sofrendo desde a destituição do presidente islamita Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana. Depois que o líder islamita foi deposto, as manifestações em todo o país se tornaram batalhas campais, que tem como principal vítima a comunidade cristã do país.
De acordo com a AFP, seguidores de Mursi se voltaram contra os coptas, principal grupo cristão do país, pois o líder espiritual dos oito milhões de cristãos coptas do Egito, Tawadros II, apoiou a retirada dos militares que apoiavam Mursi e a suspensão da Constituição do Egito.
Já foram registrados episódios de violência contra 52 igrejas, que foram queimadas em várias cidades do país, além de ataques escolas cristãs, mosteiros e instituições como a Sociedade Bíblica. Os atacantes começaram a queimar igrejas no país pouco depois da sangrenta expulsão, na quarta-feira, dos seguidores de Mursi que acampavam em duas praças do Cairo, no que parece ser uma represália. Depois de várias igrejas terem sido queimadas, foram registrados também ataques contra residências e lojas pertencentes a cristãos.
- Muçulmanos têm pintado um ‘X’ preto nas lojas cristãs para marcar quais seriam queimadas. Multidões atacaram igrejas e cristãos estão sitiados em suas casas. Sabe-se de cristãos que foram mortos com golpes de facas e facões em suas casas – relatou o jornal The New York Times.
Um movimento da juventude copta, intitulado união Juvenil Maspero, a essa série de ataques é uma “guerra de represálias” contra a minoria religiosa cristã, que representa 10% da população egípcia, composta por 85 milhões de pessoas.
- É um autêntico desastre – afirmou o arcebispo caldeu Louis Sako, que teve uma das igrejas de sua comunidade queimada na quarta-feira.
Os números oficiais falam de 525 mortos, incluindo 43 policiais, e 3.000 feridos em todo o país. A Irmandade Muçulmana aumentou o número de mortos para 4.500.
No começo de agosto, organizações humanitárias afirmaram que a situação das minorias religiosas egípcias, como os cristãos, está se deteriorando ao longo dos levantes da Primavera Árabe no país, que se iniciou em 2011. Em seu relatório anual sobre a violência contra os seguidores da fé, o ministério Portas Abertas, classificou o Egito como um dos locais em que os cristãos mais estão expostos a riscos sérios de ataques.
Na última quinta-feira o governo interino instalado pelo exército, depois do golpe que tirou Mursi do poder, classificou os ataques como uma “linha vermelha” e afirmou que as autoridades “responderão energicamente” a qualquer provocação. O general Abdel Fatah al-Sissi, ministro da defesa e chefe das forças armadas que liderou o golpe, afirmou também que o exército pagará a reconstrução das igrejas destruídas.
O primeiro-ministro interino, Hazem Beblawi, também se manifestou sobre a onda de violência contra os cristãos, e anunciou se reunirá com o líder copta para manifestar sua solidariedade.
Países como o Reino Unido, França e Alemanha se manifestaram sobre a onda de violência no Egito. O presidente francês propôs, inclusive, uma intervenção internacional para evitar uma guerra civil; e o Governo da Turquia pediu que “a comunidade internacional, liderada pelo Conselho de Segurança da ONU e da Liga Árabe” possa intervir e impor medidas radicais para parar os assassinatos.
De acordo como R7, os cristãos temem que com atual radicalização dos conflitos as iniciativas políticas pautadas pelo islamismo promovam, além dos ataques violentos, um levante para que o país venha aderir à lei do alcorão, conhecida como Sharia. A adoção da Sharia ameaçaria ainda mais os direitos e a segurança da comunidade cristã no Egito, segundo representantes dos coptas.

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