As Pegadas do Diabo

Desenho feito por uma das 
testemunhas do evento,
publicada pelo The Illustrated
 London News

em 24 de Fevereiro de 1855
Nas manhã do dia 08 de Fevereiro de 1855, em Devonshire (Inglaterra), um grande número de pegadas estranhas e misteriosas foram descobertas. Por seu formato e lugares incomuns, elas ficaram conhecidas como "As Pegadas do Diabo".

Uma forte nevasca caiu na noite de 7-8 de fevereiro em Devonshire (Inglaterra). Nada anormal para o período, mas um fato estranho foi visto quando o sol clareou o ambiente. Em meio a neve, existia o que parecia ser pegadas, que se estendiam por várias cidades ao sul de Devonshire, como Topsham, Lympstone, Exmouth, Teignmouth e Dawlish.

Ninguém sabia quem teria feito as pegadas, que foram vistas em locais inacessíveis, como telhados, corredores estreitos, jardins e quintais fechados com cercas e muros altos. É claro que elas também estavam aos montes no ar livre. De base nestas informações, podemos concluir que quem as deixou, tinha a habilidade de grandes saltos, de desmaterializar-se e aparecer em outro lugar ou de voar.

As  pegadas também indicavam ser de um ser bípede e não quadrúpede que as deixou e distanciavam-se cerca de 20 cm uma das outras. O formato indicava ferradura e tinha de 3.5 a 6.5 cm de largura em alguns casos e cobriram cerca de 150 km em ziguezague.

Os moradores relataram então o caso ao Reverendo Henry Thomas Ellacombe, que arquivou relatos, desenhos, cartas e características do animal. Além de Ellacombe, somente o editor do Illustrated London Newspossuíam cartas escritas pelos moradores.

Mapa mostrando a localização de onde foram relatadas as pegadas
O Caso foi Notícia no Jornal "The Times"

No dia 16 de fevereiro de 1855 o jornal "The Times" noticiou o assunto:
"A sensação tomou conta das cidades de Topsham, Lympstone, Exmouth, Teignmouth e Dawlish, no sul de Devon, em consequência da descoberta de um grande número de pegadas de descrição das mais estranhas e misteriosas. Os supersticiosos chegam a crer que são marcas do Satã em pessoa, e que é preciso, para julgar o rebuliço que se alastrou por todas as classes sociais, levar em conta o fato de que o tema vem sendo decantado no púlpito.

Na quinta-feira à noite, ao que parece, houve uma forte nevasca nas proximidades de Exeter e no sul de Devon. Na manhã seguinte os habitantes dessas cidades ficaram surpresos ao descobrirem as pegadas de um animal estranho, misterioso e onipresente, pois as pegadas foram vistas nos lugares mais inacessíveis – nos telhados, em corredores estreitos, em jardins e quintais fechados com cercas e muros altos, bem como nos campos ao ar livre. Em Lympstone, as pegadas foram vistas em todo jardim.

Pareciam mais de um bípede do que de um quadrúpede e distanciavam-se 20cm umas das outras. As impressões das patas lembravam muito uma ferradura de burro e tinham de 3,5 a 6,5 cm de largura em certos casos. Às vezes pareciam estar rachadas, mas na maioria dos passos a ferradura persistia e, como a neve no centro estava intacta, mostrando apenas o contorno da pata, deveria ser convexa [ concava ? ]"

A criatura parece ter-se aproximado da porta de muitas casas, e retrocedido, mas ninguém conseguiu descobrir o paradeiro e o esconderijo do misterioso visitante. No último domingo, o reverendo Musgrave mencionou o assunto no sermão, e sugeriu que as pegadas poderiam ser de um canguru, hipótese das mais improváveis, já que foram encontradas nas duas margens do estuário do Exe.

Até hoje o mistério continua, e muitos supersticiosos nas aludidas cidades estão com mede de sair de casa à noite."


Rev. Henry Thomas Ellacombe que recebeu um cartas, relatos e desenhos dos moradores. Todas foram lidas, estudadas e transcritas no trabalho de Mike Dash.
Possíveis Explicações
Ilustração mostra um demônio e as pessoas
vendo as pegadas na neve em Devon, 1855
As mais diversas explicações foram sugeridas para explicar as estranhas pegadas:

Balão: esta teoria foi sugerida por Geoffrey Household. Um balão experimental, lançado por erro de Devonport Dockyard tinha deixado as pistas misteriosas por causa de duas correntes de fuga no final de suas amarras. Sua fonte era um homem local, Major Carter, cujo avô tinha trabalhado em Devonport na época. Carter afirmou que o incidente tinha sido abafado porque o balão também destruiu uma série de conservatórios, estufas e janelas antes de finalmente descer à terra em Honiton.

- Histeria Coletiva: Foi relatado que as pegadas foram deixadas por 150 quilômetros. Joe Nickell, que estudou o caso, relata que não seria possível percorrer a pé esta distância. Outro fato bem relevante é que as pegadas tinham características diferentes, variando de acordo com a pessoa que relatava.

Diversos Animais: Ratos, pássaros, texugos, cangurus e qualquer outro. Só que o formato das patas não bate com os descritos pelas testemunhas. Até cangurus foram propostos como explicação, já que haviam escapado de um zoológico particular pertencente a um deputado de Fische em Sidmouth, mas a descrição das pegadas não tem qualquer semelhança com as de um canguru. Além de tudo estes animais não seriam capazes de pular 6 metros de altura para pular um muro ou atravessar um rio de cerca de 3km de largura.

Diabo: Para muitos era o próprio diabo andando na terra (acho que para esfriar um pouco a pata, já que andou na neve)

A Pesquisa de Mike Dash


Mike Dash fez o melhor
trabalho de investigação
sobre as pegadas do diabo
Mike Dash é um escritor, historiador e pesquisador. Ele fez o mais importante e competente trabalho sobre As Pegadas do Diabo, cujo título é The Devil's Hoofmarks - Source Material on The Great Devon Mystery of 1855. Neste trabalho, ele reproduz na íntegra todos os artigos que surgiram nos jornais da época, desenhos e documentos que estavam em poder do Reverendo Ellacombe.

Eu não li todo o trabalho, assim procurei um resumo de qual conclusão ele chegou e achei no site Paranormal e Enigmas:

Entre outras coisas, Mike Dash conclui que as pegadas não eram iguais em tamanho, não apareceram todas no curso de uma só noite e não formavam uma única linha reta que atravessava todo o condado de Devon. Acima de tudo, mostra com forte evidência documental, como esta história foi alterada, copiada e embelezada ao longo dos tempos, afastando-a imenso daquilo que são os poucos relatos das testemunhas originais. Apesar de tudo, Mike Dash não tira uma conclusão definitiva sobre a origem do fenómeno. Aliás, como o poderia fazer mais de 150 anos depois? Foram entretanto propostas mil e uma teorias, todas elas fora do âmbito do paranormal. Ratos, pássaros, texugos, cangurus, balões, conspirações, etc. E a sua teoria, qual é?

Pegadas estranhas em outras partes do mundo

Ao redor do mundo são relatados casos parecidos, de pegadas estranhas. Conheça alguns:

1840: Um exemplo conhecido de pegadas assim foi informado pelo capitão sir James Clark Ross, comandante de dois navios que exploravam as regiões do Pólo Sul e atracaram na Ilha Kerguelen em maio de 1840: ..."animais de terra, não vimos nenhum, e os únicos indícios que vimos de sua existência na ilha foram algumas pegadas singulares de um pônei ou jumento, tinham 7,5 cm de comprimento e 6,2 cm de largura, com uma pequena depressão mais funda em cada lado, além da forma de ferradura"

1840: Em 14 de março, novamente o jornal "The Times" publicou a aparição dessas pegadas em Glenorchy, Escocia, que se estendiam por quilômetros.

1886: Encontradas na Nova Zelandia

1908: Nas praias de Nova Jersey, nos Estados Unidos

1945: Em janeiro, perto da cidade de Everberg - Bélgica



Desenho das pegadas encontras em 1945 na Bélgica
1970: Nas encostas do vulcão Etna, Sicilia, em 1.970

2009: Na noite de 12 de março marcas semelhantes as de 1855 foram encontrados novamente em Devon

Pegadas encontradas em 2009 novamente em Devon
Detalhe das pegadas encontradas em 2009 em Devon
2013: Relatados em Girvan, Escócia, possivelmente como parte de uma brincadeira de primeiro de abril

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