Criada depois da Segunda Guerra para “deter a guerra entre os países e fornecer uma plataforma para o diálogo”, a Organização das Nações Unidas sempre precisou lidar com críticas. Uma das mais comuns diz respeito a maneira como trata a liberdade religiosa.
O recente relatório “ONGs religiosas e as Nações Unidas” afirma que as ONGs cristãs continuam sendo a maioria, o que gerou crítica de outros grupos religiosos. Oficialmente, mais de 70% das ONGs religiosas ligadas à ONU são cristãs, afirma o estudo liderado pelo professor Jeremy Carrette e do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade de Kent, na Inglaterra.
Proporcionalmente, o financiamento também vai em sua maioria para as ONGs cristãs, o que limita o repasse a outros grupos religiosos, como o hinduísmo e o budismo. As ONGs muçulmanas preferem buscar apoio da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), que reúne 57 países islâmicos e funciona em paralelo à ONU.
O professor Carrette afirma: “É necessária uma ‘boa vontade global’ para que o sistema das Nações Unidas contemple todas as religiões da mesma forma… O relatório também mostra que as religiões constituem uma parte importante da política global internacional e que, em um mundo globalizado, precisamos estabelecer um novo contrato pluralista para a igualdade de acesso a todas as religiões dentro do sistema das Nações Unidas”.
Entre as ONGs religiosas mais ativas estão as de origem católicas, quakers (protestante) e da fé Baha’i, que fazem o maior número de reuniões com os diplomatas da ONU.
Por outro lado, após o vigésimo aniversário de fundação do Alto Comissariado das Nações Unidas para osDireitos Humanos, a ONG Direitos Humanos Sem Fronteiras publicou uma denúncia contra a ONU. A principal queixa é que oito dos 47 países que possuem assentos no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas mantiveram pessoas presas em 2013 por questões religiosas.
Divulgado no dia 30 de dezembro, o relatório Liberdade de Religião Mundial e Lista de Prisioneiros aponta que Marrocos, China e Arábia Saudita, Índia, Indonésia, Cazaquistão, Líbia e Coreia do Sul não podem defender os direitos humanos se não são capazes de respeitá-los em seu próprio território.
Segundo o relatório do Direitos Humanos Sem Fronteiras (DHSF), centenas de crentes e ateus foram presos nesses e em outros 16 países numa tentativa de se proibir os direitos relacionados a questões religiosas, incluindo a liberdade de mudar de religião, compartilhar crenças, realizar cultos e reuniões religiosas públicas. As violações relacionadas à difamação religiosa e blasfêmia também estão incluídas no relatório.
China, Marrocos, Arábia Saudita, Índia, Indonésia, Líbia, Cuba, México, Paquistão, Emirados Árabes Unidos e Maldivas que tem assentos no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas prenderam cristãos em 2013. O relatório aponta ainda que Eritreia, Irã, Coreia do Norte e Arábia Saudita são de “especial preocupação” pelo grande número de prisioneiros religiosos que mantém.
Em comunicado oficial, a DHSF exige que a ONU se pronuncie em favor dos prisioneiros (em sua grande maioria cristãos), pois a para participar da Comissão, o termo assinado afirma que “os Estados-Membros devem manter os mais altos padrões na promoção e proteção dos direitos humanos”.
Willy Fautre, diretor da DHSF, disse ainda que “Nosso desejo para o Ano Novo é que estes e os outros Estados membros do Conselho de Direitos Humanos possam dar um bom exemplo para outras nações do mundo, liberando esses prisioneiros de consciência e não privando nenhuma outra pessoa de liberdade por causa de suas crenças em 2014”. Com informações Washington Post e Independent.
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