Igreja é encontrada por agricultor em pleno cerrado de Goiás

Uma descoberta em pleno cerrado está mobilizando os moradores de um pequeno vilarejo em Goiás.  E para os católicos, virou um trabalho de fé e reconstrução.
Ninguém acreditou quando um agricultor do interior de Goiás trouxe a boa nova! Entre as árvores retorcidas do cerrado, no coração do Planalto Central, ele havia encontrado uma igreja. Na mesma hora, moradores de Nova Goa, vilarejo que fica a 3 km do local, foram tirar a história a limpo.
“Para nós foi uma surpresa. Por que a gente não sabia da existência dessa igreja. Não tinha acesso, não tinha como chegar aqui de carro, nós viemos à pé”, conta a aposentada Terezinha Canedo Ramos
E voltaram correndo pra casa, pra investigar. Afinal, que igreja seria essa?
“A gente não sabia quem era a padroeira, quem tinha construído, não sabíamos nada, foi uma surpresa e uma alegria, também, de encontrar um templo lindo desse”, disse a aposentada.
Estava tudo lá, numa reportagem do jornal "O Globo", que cobriu a inauguração em dezembro de 1963. Foi construída por portugueses expulsos de Goa, na Índia. Eles pretendiam fundar ao redor da praça paroquial uma cidade para 5 mil habitantes, mas desistiram e voltaram pra Europa. E a igrejinha - se perdeu no tempo.
Os fiéis que descobriram a igreja depois de meio século de abandono tem convicção de que seria um pecado deixar tudo isso acabar em ruínas, perdidas pra sempre no meio do cerrado. Se até agora foi por milagre que esse templo ficou de pé, daqui pra frente ele passa a contar com a solidariedade e a esperança de moradores de Planaltina de Goiás, a 60 km de Brasília. Um mutirão de fé pra mudar essa história - salvar esse patrimônio artístico, cultural e, sobretudo, religioso que já estava condenado ao esquecimento.
“Nós quem capina tudo, deixa tudo limpinho, e o que a gente puder fazer, for do alcance da gente, a gente tá disposto a fazer”, destaca a dona de casa Carmosina Ribeiro.
Disposição que já deu resultado: telhado novinho em folha, um puxadinho nos fundos pra sacristia e até uma pintura interna. Tudo pago com o dinheiro de rifas e vendas de salgadinhos doados pela comunidade. E o melhor de tudo: foi só procurar pra achar na redondeza o paradeiro dos objetos sagrados originais. Crucifixo, imagens da santa padroeira e até a placa que ficava sobre a porta.
“No começo foi muito difícil, porque nós tínhamos que sair de porta em porta, procurando, correndo de cachorro, até conseguirmos os endereços certos”, disse a dona de casa Zilda Pereira.
O padre já anda cheio de planos.
“Pretendemos construir um centro pastoral, que possa atender a pastoral da pessoa idosa, a pastoral da criança, catequese e retiro espiritual para jovens, como também construir a casa de retiro do clero da diocese de Formosa”, conta o padre Ivo Ornelas Dourado. 
Por enquanto é rezada apenas uma missa por mês no templo. Mas a diocese da região já prometeu: em 2014, Santa Catarina de Alexandria será uma das mais novas paroquias do Brasil.

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