Seis jovens cristãos da cidade de Qamishli, no extremo nordeste da Síria, ameaçaram o arcebispo ortodoxo daquela cidade, acusando-o de traição.
O arcebispo Eustácio Matta Roham vive na Áustria há cerca de um ano, tendo saído da sua diocese por questões de segurança.
Mas os jovens, que dizem representar toda a comunidade cristã, não perdoam aquilo que consideram ser uma traição. No vídeo, os seis homens entram na catedral de Qamishli e destroem todas as molduras com fotografias do arcebispo que se encontram em lugares de destaque.
Curiosamente, as molduras com fotografias do Patriarca da Igreja Siríaca e com a fotografia de Bashar al-Assad não são destruídas. Pelo contrário, os jovens lançam um apelo ao Patriarca Inácio Zakka I, para que substitua o arcebispo, dizendo que ele traiu os seus fiéis ao abandonar o país enquanto estes ficam a sofrer.
Ao que tudo indica, os jovens pertencem ao “Sutoro”, uma das raras milícias armadas cristãs, ligada ao Partido de União Siríaca (PUS).
Este último incidente revela fracturas profundas entre o arcebispo e alguns membros da comunidade siríaca. Desde o começo do conflito que o arcebispo recusou associar a sua igreja quer ao regime quer aos partidos da oposição, o que não tem sido bem aceite nem por uma parte nem pela outra.
Já o PUS sempre tomou posições durante o conflito. No início da revolta juntou-se à oposição. Inclusivamente foram elementos seus da grande diáspora siríaca na Suécia que invadiram a embaixada da Síria em Copenhaga em Agosto de 2012. Os seus militantes têm agido em aliança com as forças curdas, muito influentes na zona.
Mas mais recentemente tanto curdos como siríacos, preocupados com a crescente influência de fundamentalistas islâmicos na oposição, aliaram-se às forças do regime, considerando-o um mal menor.
Grupos como o Suturo, que controla os bairros cristãos de Qamishli, são bastante raros entre os cristãos na Síria, uma vez que a esmagadora maioria dos líderes cristãos tem recusado armar as suas populações ou tomar partidos durante o conflito que já dura há quase três anos na Síria.
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