Houve um tempo em que chamar uma igreja de “circo” era considerado ofensivo. Mas na Inglaterra de hoje é um elogio. O templo da igreja anglicana da cidade de Bristol já hospeda o projecto Circomedia.
A organização Visit Churches mostra em sua página como milhões de libras foram gastas em 2010 na reforma do prédio que foi construído no século 18. Desde então o programa que envolve adolescentes de baixa renda chama atenção e é considerado um “modelo” para se “optimizar” o uso dos templos.
O financiamento do governo, através do England Arts Council, mira os prédios que pertencem à Igreja oficial do país. O espaço também pode ser alugado para uma ampla gama de eventos e actividades, incluindo conferências, recepções de casamento, eventos de caridade, filmagens e feiras de emprego.
O jornal The Guardian relata que 394 templos cristãos estão “disponíveis” para serem remodelados, reformados e usados para outros fins. Por causa do seu liberalismo teológico, que fez com que a Igreja parasse de pregar a salvação pela fé em Jesus, a Igreja Episcopal Anglicana do Reino Unido vem sofrendo uma constante crise financeira.
Oficialmente, a Igreja da Inglaterra possui 15.700 templos e 42 catedrais. Nove mil estão em áreas rurais, 4.800 na região suburbana e 1.900 no centro das cidades. A frequência média e de 30 pessoas nas áreas rurais e 103 nas áreas urbanas.
Com a queda na membresia, caíram as doações. Sem doação não há como sustentar os pastores e bispos. Os prédios antigos também possuem um custo alto de manutenção. Uma das soluções foi adequar as instalações. Existem algumas regras que proíbem que os espaços sagrados se tornem bares ou casinos. Curiosamente, não podem ser alugados para outras denominações religiosas.
Em breve, o templo da igreja St Mary-at-the-Quay, em Ipswich, se tornará uma clínica psiquiátrica. A St Cuthbert’s, em Copnor, sediará um centro comunitário, com posto de saúde e uma pré-escola. Outros templos poderão se tornar mercados de frutas e verduras e até outras escolas de circo.
Há muitos projetos sendo estudados. Eddie Tulasiewicz, diretor de comunicação do National Churches Trust, que cuida dos templos da Igreja da Inglaterra, explica que cada caso é estudado levando em conta a história do local. Em alguns templos, poderão ser feitos cultos em ocasiões especiais, como na Páscoa e no Natal.
Matthew McKeague, responsável pelo Conservation Trust, que supervisiona as reformas nos templos, comemora. “A ideia de que as igrejas devem ser apenas locais de culto é uma visão bastante moderna”, lembra. Ele faz um resgate do início do Protestantismo no país, quando a maioria dos templos começou a ser construído no Reino Unido. Naquela época, as igrejas tinham diferentes funções, servindo ao mesmo tempo como local de culto, escola e até posto médico.
Crise teológica e declínio
O levantamento mais recente mostra que Igreja da Inglaterra possui menos de 800.000 fiéis indo a um de seus templos aos domingos. Os índices são menos de metade do que na década de 1960, quando o liberalismo teológico se tornou a norma. Atualmente a igreja anglicana aceita o casamento homossexual e possui líderes abertamente gays.
No último censo do governo, o cristianismo ainda é a maior religião na Inglaterra e no País de Gales, com 33,2 milhões de seguidores. Uma redução de 4,1 milhões em relação ao censo anterior, de 2001. Em média, nas últimas duas décadas, são fechados 25 templos cristãos por ano no país A previsão para 2016 é de fechar pelo menos 2.000 templos.
0 Comentários
Deixe aqui o seu comentário...lembre-se de voltar para ler a resposta...