Após o anúncio de que uma série de experimentos resultou no nascimento de 30 bebês geneticamente modificados, especialistas da área estão debatendo a ampliação do processo nos Estados Unidos.
Uma vez que todos nasceram saudáveis, o assunto deixou de ser visto apenas como um tema de ficção científica. Mas como todas as novas questões relacionadas com a bioética, muita controvérsia ainda existe sobre a questão.
Durante um debate público em Nova York, a proibição desse tipo de manipulação genética foi defendida por Sheldon Krimsky, professor da Tufts University e presidente do Conselho de Genética Responsável, e por Lord Robert Winston, professor de Ciência e Sociedade e professor de Estudos sobre Fertilidade no Imperial College.
Contrários à proibição, falaram Nita Farahany, professora de Direito e Filosofia da Universidade Duke. Ao seu lado estava Lee Silver, autor de livros e professor da Universidade de Princeton. O debate foi “mediado” por Jim Watson, um dos descobridores da estrutura do DNA de dupla hélice.
Em seus argumentos de abertura, Krimsky disse que ”Nenhum conjunto de estudos com animais pode garantir a segurança e a eficácia da modificação genética humana pré-natal. É inimaginável que qualquer sociedade democrática permitiria tal iniciativa, seja com recursos públicos ou privados. O risco é muito grande”.
Falou ainda sobre a falta de garantias que a simples modificação genética poderia melhorar alguém. ”Traços como inteligência, personalidade, tônus muscular, musicalidade… são complexos e envolvem dezenas, possivelmente centenas de genes. Essas questões são resultado de fatores como nutrição, educação e o meio onde a pessoa é criada… Os cientistas e os transumanistas querem acreditar que é possível pensar no genoma humano como um brinquedo Lego, onde as partes de DNA podem ser ligadas uma as outras sem interferir no sistema como um todo “.
Finalizou dizendo que “a ideia de melhoramento genético provém de uma ideologia eugenista, na qual a perfeição humana pode ser obtida apenas pela genética”.
Por sua vez, Farahany pediu ao público que a apoiasse nas pesquisas relativas à engenharia genética de bebês, argumentando que em muitos casos poderá ser algo realmente necessário. Para ela, “não é muito diferente do que já fazemos, quando pensamos em dar o melhor aos nossos filhos, seja na escolha dos parceiros e no uso de suplementos vitamínicos que tomamos para fortalecer as crianças no ventre”.
Ela citou, por exemplo, uma nova pesquisa mostrando que o uso de ácido fólico pelas mulheres durante a gravidez reduz a incidência de autismo em crianças. Isso não significa que a prática deve ser proibida. Farahany lembrou que ”Cerca de um em cada 5.000 bebês nascidos têm problemas com seu DNA mitocondrial que causam doenças raras e extremamente graves, incluindo insuficiência cardíaca, demência, cegueira, o que sempre gera muito sofrimento e morte”.
As 30 crianças geneticamente modificados saudáveis, que tem sido monitoradas pelos estudiosos, foram tratadas com técnicas de transferência mitocondrial e todas nasceram livres da doenças. Com informações Christian Post.
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