O Papa Francisco não vai receber o Dalai Lama, que está de visita a Roma, para não comprometer as relações diplomáticas do Vaticano com a China.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, explicou que o Pontífice declinou o pedido de audiência do Dalai Lama, o líder espiritual tibetano no exílio e que gostaria de aproveitar a sua estadia em Roma, no âmbito de uma conferência que reúne os galardoados com o prémio Nobel da Paz, para se encontrar com o Papa Francisco.
A decisão, prosseguiu, nada tem a ver com o Dalai Lama — “por quem o Papa tem enorme consideração”, acrescentou Lombardi —, mas antes com as negociações em curso entre o Vaticano e a Governo de Pequim relativamente à actividade da Igreja Católica na China. As autoridades chinesas cortaram relações com o Vaticano em 1951 e estabeleceram um ramo da igreja no país, que é dirigida por uma organização estatal, a Associação católica Patriótica Chinesa.
Mas como nota o The New York Times, cerca de metade dos 15 milhões de católicos chineses praticam a sua fé em igrejas clandestinas que se mantêm fiéis à autoridade do Vaticano, que vem reclamando junto de Pequim o poder de nomeação de bispos.
Segundo explicou Lombardi, o pedido foi declinado para não “ofender” as autoridades chinesas, que costumam reagir negativamente à recepção do Dalai Lama por líderes estrangeiros.
A decisão do Vaticano foi interpretada como uma vitória diplomática da China, que classifica o Dalai Lama como um líder separatista. Pequim já tinha conseguido pressionar o Governo da África do Sul, para onde estava originalmente marcada a conferência com os prémios Nobel da Paz, a não conceder um visto de entrada ao líder religioso tibetano, de 79 anos.
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