Uma das características mais evidentes deste conjunto arquitectónico é um neotemplarismo cujos símbolos, como as cruzes templárias, estão presentes no fundo de um monumental poço iniciático e na capela (a qual tem uma cripta, cujo chão é um maçónico pavimento mosaico). Essas cruzes templárias revelam, juntamente com outras referências maçónicas, uma filiação espiritual relativa às Ordens do Templo e de Cristo, recriadas, eventualmente, num contexto maçónico-templário, de que e um exemplo notável o delta luminoso, ou triângulo radiante, símbolo do Grande Arquitecto do Universo, sobreposto a uma Cruz Templária.
Se é certo que, até ao momento, não existe nenhuma prova documental que permita associar o poeta da Mensagem à Quinta da Regaleira e aos seus proprietários, a verdade é que muito daquilo que ele escreveu, quer sobre a forma de verso, quer sob a forma de ensaio, tem a ver com o universo simbólico, mítico e esotérico da criação de Carvalho Monteiro e de Luigi Manini (paganismo, tradição portuguesa, cristianismo gnóstico, etc., existindo, inclusivamente, uma pequena casa egípcia , com Íbis). Além do mais, seria pouco provável que um homem tão informado sobre o esoterismo, como o era Pessoa, e tão ligado ao meio intelectual da época desconheces-se a Regaleira, é de referir que, segundo informação de descendentes, o filho de Carvalho Monteiro,
Pedro Monteiro, proprietário da quinta de 1921 a 1945, conhecia Fernando Pessoa. Se, eventualmente, Fernando Pessoa conhecia a Regaleira, sobretudo a sua dimensão simbólica e mítica, não poderia deixar de a considerar como uma Estalagem do Assombro,como disse no poema Iniciação.
Verifica-se também uma coincidência de universos quanto ao templarismo-maçónico ( eu
Será o grande templo antenatal, a Gruta de Leda, ou o poço iniciático ? Terá a Ordem do Subsolo a ver com o poço e as galerias subterrâneas? E a Ordem Sebastica terá a ver com o sebastianismo do proprietário da Regaleira?
A titulo de exemplo de uma eventual relação entre a simbologia presente na Quinta da Regaleira e a sua própria geografia e alguns temas simbólicos subjacentes à poesia de Pessoa, atente-se nos seguintes versos (sublinhados para realçar):
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
Dealem do muro da estrada [...]
E vencendo estrada e muro, chega onde em sono ela mora [...]
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia
– poema Eros e Psique,do ritual do grau de Mestre do Átrio da Ordem Templária de Portugal.
Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo
[...] O corpo é a sombra das vestes
que encobrem teu ser profundo
[...] naEstalagem do Assombro... [...]
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