O último adeus a "um homem de coragem"

O vigário episcopal para a Pastoral Social na Diocese de Aveiro, padre João Gonçalves, afirmou esta sexta-feira que D. António Marcelino deixa a marca da "lucidez e da coragem", da "inquietude" pela "renovação da Igreja", da "presença" e da "amizade" por todos.
Em declarações à Agência Ecclesia por ocasião do funeral do bispo emérito de Aveiro, que morreu quarta-feira aos 83 anos, o padre João Gonçalves afirmou que D. António Marcelino procurou o "envolvimento na vida eclesial e social", procurando recordar "permanentemente" as propostas do Concílio Vaticano II.
O vigário episcopal sublinha o "entusiasmo, a vida, a lucidez e a coragem" do antigo bispo diocesano, assim como "a sua inquietude por ver mais justiça e mais equilíbrio".
Para o padre Georgino Rocha, responsável na Diocese de Aveiro pelo diálogo "Igreja-mundo", D. António Marcelino foi "um homem corajoso, um homem de visão rasgada, capaz de ler os sinais dos tempos e, a partir daí e da fidelidade ao Evangelho, pretender a renovação da Igreja".
O sacerdote de Aveiro recorda o bispo emérito como "um homem amigo", que era "capaz de dizer a verdade" mesmo quando incomodava e de "de perdoar" quando alguma coisa o ofendia.
Por sua vez, a directora do Secretariado Diocesano de Pastoral Juvenil destacou à Ecclesia a proposta de caminhada sinodal que o bispo D. António Marcelino fez com os jovens de Aveiro.
Ondina Matos disse que o bispo emérito participou activamente na definição do "futuro que se queria trilhar" neste sector da presença da Igreja e que se "começou a trilhar com ele".
Eduardo Conde, pastor da Igreja Metodista, realça o "contributo para a dimensão ecuménica" que D. António Marcelino deu. "Era um bom amigo que nós guardamos no coração", referiu.
Patriarca de Lisboa evoca D. António Marcelino como "figura marcante"
D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, recordou D. António Marcelino como um homem "autêntico", alguém entusiasmado por Deus e "com muita vontade de levá-lO aos outros" e defensor das causas em que acreditava.


"Foi sempre um homem entusiasmado, cheio de ânimo e de generosidade nas causas a que se dedicava por todos os meios - presença, palavras, escrita - e que entusiasmava quem estava ao lado dele", revela D. Manuel Clemente, que conheceu o falecido bispo emérito de Aveiro em 1975, quando este era auxiliar do patriarcado.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa marcou presença no funeral de D. António Marcelino, na Sé de Aveiro, esta sexta-feira. D. Manuel Clemente destacou a dimensão pastoral de um bispo diocesano que "gostava de estar com as pessoas, de comunicar e de animar as comunidades".
"Era e é uma figura marcante" porque as marcas continuam "entre o episcopado e a Igreja portuguesa com o seu entusiasmo e com a sua presença", diz D. Manuel Clemente.
O Patriarca de Lisboa recorda também o prelado como o defensor das causas "em que acreditava com a sua sensibilidade própria", como “o laicado, a renovação das comunidades, a formação do clero, a causa social".
Esta dimensão fazia de D. António Marcelino um "homem muito autêntico e envolvido sempre em tudo aquilo que verdadeiramente acreditava e que queria que os outros acreditassem”, conclui D. Manuel Clemente.

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