O professor Yoram Meital, historiador do Departamento de Estudos do Oriente Médio da Universidade Ben-Gurion, no Negev, acredita que um manuscrito da Bíblia de mil anos pode ser a chave para mostrar a herança judaica do Egipto.
Em 2017 o professor encontrou um manuscrito embrulhado em papel branco de baixo custo durante uma visita de estudo à Sinagoga Moshe Der’i, no Cairo.
Especialista no Egipto moderno, o académico fez visitas frequentes ao país vizinho de Israel, mas nos últimos anos várias circunstâncias o deixaram confiante na existência de uma oportunidade real para o futuro da cultura judaica egípcia.
O que ele tem em mãos é a terceira parte do Tanakh – Bíblia Hebraica divida em três partes: a Torá (pentateuco), Nevi’im (livro dos profetas) e o Ketuvim (livros poéticos). Ou seja, são 11 livros poéticos: Salmos, Provérbios, Jó, Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras e Crónicas.
Um estudo publicado em 1905 já falava da existência do manuscrito de Zechariah Ben’Anan, como Meital explicou ao Jerusalém Post, porém o documento não tinha sido analisado como o professor fez ao encontrar o objecto.
A Sinagoga Moshe Der’i, onde o manuscrito foi descoberto, não era o local original. Durante séculos, o artefacto foi alojado na sinagoga Dar Simha, mais antiga, pertencente à mesma comunidade: os karaitas.
Este grupo religioso, fundado no século 8, era numeroso no Egipto, sendo conhecidos por rejeitarem a lei oral em sua totalidade e apenas manter os estatutos bíblicos.
A redescoberta do manuscrito oferece uma importante oportunidade para lançar luz sobre o projecto geral de restaurar e trazer a herança cultural judaica de volta a bom termo, especialmente hoje quando poucos judeus vivem no Cairo.
“Muitos nos perguntam se não seria melhor transferir os artefactos do país para outra comunidade. Respondemos que um produto cultural deve ser preservado onde foi criado; agir de outra maneira seria imoral, além de ilegal. Já estamos trabalhando para perseguir nosso objectivo com a participação de egípcios de todas as religiões”, afirmou.
O projecto, porém, tem críticos: os islâmicos e os apoiadores da política de Abdel Fattah al-Sisi, presidente do Egito.
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