LENDAS EM PORTUGAL

Lenda portuguesa sobre Lobisomem

No século XIX, Alexandre Herculano escreveu assim sobre o lobisomem português: "Os lubis-homens são aqueles que têm o fado ou sina de se despirem de noite no meio de qualquer caminho, principalmente encruzilhada, darem cinco voltas, espojando-se no chão em lugar onde se espojasse algum animal, e em virtude disso transformarem-se na figura do animal pré-espojado. Esta pobre gente não faz mal a ninguém, e só anda cumprindo a sua sina, no que têm uma cenreira mui galante, porque não passam por caminho ou rua, onde haja luzes, senão dando grandes assopros e assobios para se lhas apaguem, de modo que seria a coisa mais fácil deste mundo apanhar em flagrante um lubis-homem, acendendo luzes por todos os lados por onde ele pudesse sair do sítio em que fosse pressentido. É verdade que nenhum dos que contam semelhantes histórias fez a experiência". (A. Herculano,Opúsculos, Tomo IX, Bertrand, Lisboa, 1909, p. 176-177).
Nos seus estudos sobre mitologia popular, o escritor e etnógrafo português Alexandre Parafita reconhece que, embora a designação sugira tratar-se de um ser híbrido de homem e lobo, muitas das crenças sobre esta criatura identificam-na na figura de cavalo, burro ou bode, consistindo o seu fadário em ir despir-se à meia-noite numa encruzilhada, espojando-se no chão, onde um animal já antes fizera o mesmo, após o que se transforma nesse animal para ir “correr fado”.
A representação na figura híbrida de homem e lobo não é alheia ao desassossego que este animal provoca, desde tempos imemoriais, no inconsciente colectivo. Escreve este autor: “As comunidades rurais transmontanas ainda hoje o encaram como um animal cruel, implacável com os seres mais indefesos, inimigo de pastores, dos caminhantes da noite e pesadelo permanente das crianças que habitam nas aldeias mais isoladas. Não se estranha, por isso, que no fabulário popular o lobo apareça como símbolo do mal e que o conceito de lobisomem, enquanto produto da fantasia popular, possa ser considerado como uma tentativa de apresentar uma criatura onde se conjuga a ferocidade maléfica do lobo com as emoções, ora angustiosas, ora igualmente maléficas, do homem”




Lendas na ilha da Madeira



Lenda de Machico Cavalum



Na Ilha da Madeira, na cidade de Machico...
As Furnas do Cavalum, na vila de Machico, são umas grandes grutas escavadas nas rochas de basalto que o povo diz ser a morada de um monstro. Cavalum é um diabo em forma de cavalo, com asas de morcego, que deita fogo pelas narinas. 
Segundo a lenda, nos tempos em que o Cavalum andava à solta, este foi bater à porta de igreja para falar com Deus. Quando Deus lhe perguntou o motivo, o 
Cavalum disse-lhe que queria destruir toda a povoação e desafiou-O a impedi-lo. Deus mandou-o embora dizendo que não tinha paciência para tais brincadeiras. Cavalum reuniu o vento e as nuvens e provocou uma grande tempestade sobre a povoação. Do alto do penhasco, o Cavalum relinchava de satisfação perante a aflição dos habitantes. Deus não mexeu um único dedo, pensando que o Cavalum depressa se cansaria da sua brincadeira. A tempestade agravou-se, arrasando casas e campos. O crucifixo da igreja foi pelos ares até ao mar. Irritado com a insistência do Cavalum, Deus resolveu agir... Primeiro, fez com que um barco achasse o crucifixo. Depois, chamou o sol para afastar a tempestade. Para não ser mais incomodado pelo monstro, Deus decidiu prender o Cavalum nas grutas, onde ainda hoje de vez em quando se ouvem os seus protestos.
Ps: falta uma parte da historia, mas assim que eu me lembrar rescreverei

Por:Adriel

Lenda de Machico ou do Amor Imortal - Lenda de Machim
 

Na corte britânica de Eduardo III, vivia um homem de sangue plebeu e alma nobre, Roberto Machim, que tinha como melhor amigo e companheiro de armas o fidalgo D. Jorge. Roberto Machim era um homem sensível e tinha o dom da palavra, por isso D. Jorge veio pedir-lhe para ir com ele esperar a sua jovem e bela prima Ana de Harfet, que D. Jorge queria impressionar. Os primeiros olhares e as primeiras palavras trocadas entre Ana de Harfet e Roberto Machim foram suficientes para que surgisse um amor tão intenso que resignou sinceramente D. Jorge. Mas os pais de Ana de Harfet não aceitaram a união com um pretendente de tão baixa linhagem e ordenaram o casamento de Ana com um dos fidalgos da corte. Roberto Machim não escondeu nem a sua cólera nem a sua intenção de lutar por Ana e foi preso por ordem do rei durante alguns dias, enquanto a cerimónia de casamento se realizava. À saída da prisão esperava-o o seu fiel amigo D. Jorge que o informou que Ana estava a morrer de amor. Com a ajuda de D. Jorge, Ana e Roberto fugiram num barco em direção a França, que uma brutal tempestade desviou para uma ilha paradisíaca. Ana não resistiu à febre que a tinha assolado durante a tormenta e foi enterrada na bela ilha. Conta-se que Roberto Machim morreu em cima da campa da sua amada e nela foi enterrado pelo seu amigo. Um grande amor que através do nome de Roberto foi para sempre recordado na bonita vila de Machico, na Ilha da Madeira, pretensa ilha a que aportaram os dois apaixonados que passaram às crónicas portuguesas.

O Milagre da Sra. do Monte

 

Nos primeiros tempos da colonização da ilha da Madeira, havia uma ribeira de água límpida e abundante rodeada de terras férteis que encantou os portugueses que lá chegaram. Mas um dia um senhor poderoso resolveu ter aquela água só para si e canalizou a fonte para as suas terras. A população desesperada, porque aquela água era imprescindível à sua sobrevivência, resolveu fazer uma procissão à Senhora do Monte, implorando para que a água voltasse a brotar naquela fonte. O milagre aconteceu e a água encheu de novo a fonte, mas em quantidade menor do que no início. O povo utilizou então em seu benefício a ideia do desvio da água e, construindo regos ou cales, levaram a água mais longe, tornando férteis muitos campos e quintas. A ribeira ficou a ser conhecida como a ribeira de Cales e o milagre da Senhora do Monte ficou para sempre na memória popular.

Por: Adriel

Lendas de Trás-os-Montes e Alto Douro
Senhora do Picão
No sítio do Picão situado a quatro quilómetros da Póvoa e a dois do Santuário do Naso, nos finais do séc. XIX início do séc. XX, na aldeia da Póvoa, concelho de Miranda do Douro, algo de milagroso aconteceu a uma menina de nome Mariana dos Ramos João.Ainda Mariana estava ainda no ventre da mãe, já poisava uma luz em cima de uma arca o que deixava a mãe preocupada com o que iria ser daquela criança. Segundo relato de familiares, Nossa Senhora aparecia em casa, em qualquer parte onde Mariana estivesse.

Tinha então poucos meses quando o fenómeno se começou a registar, o que deixava a sua mãe perplexa. A bébé aparecia limpa e penteada. Havia também uma luz que se acendia, no período de Abril a Maio, fenómeno que se registou durante 16 anos.
Só no ano de 1903, já Mariana tinha sete anos, conta o que lhe acontecia a um irmão, afirmando ver Nossa Senhora, situação nunca presenciada por mais ninguém, mas que tornou o lugar num local de culto, especialmente para os espanhóis da zona de Castela e Leão, que ali se deslocavam em grande número, contribuindo para a construção da capela, da casa dos peregrinos e do estábulo para os animais. Também a água e a terra do local era procurada porque, dizia-se, terem poderes curativos.
Várias foram as razões para o desaparecimento do Santuário. No entanto o Picão acabou em ruínas de onde foram retiradas nos anos 50, pedras para erguer duas capelas, no Santuário Mariano de Nossa Senhora do Naso, e a imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição que se encontra no interior da Capela do Naso.

Relação com as aparições de Fátima

Sete anos antes de os três pastorinhos levarem multidões à Cova de Iria, em Fátima, uma jovem transmontana de 14 anos também pastora, afirmava ter visto Nossa Senhora, e levou também ao Picão romarias de portugueses e espanhóis que procuravam presenciar o que apelidavam de milagre. Em todos os locais em que a jovem disse ter visto Nossa Senhora, foram erguidas pedras com o número da aparição que ainda hoje se podem encontrar na zona.
Mariana João faleceu em 1972, com 76 anos de idade, e o desgosto de ver desmoronar o seu santuário de fé, afirmando que a Senhora que via em Fátima, esteve antes aqui na Terra de Miranda.

Menino Jesus da Cartolinha
A lenda mais conhecida, a do menino Jesus da Cartolinha, conta que Miranda se encontrava cercada de tropas espanholas, estando estas na eminência de tomarem as muralhas, muito cobiçadas pela sua importância estratégica, quando surgiu, não se sabe de onde, um jovem que ia gritando pelas ruas, incitando à revolta.A população já se encontrava descrente e sem forças não podendo oferecer resistência por muito mais tempo (pois o cerco mantinha-se há vários meses), sendo a fome e a sede os principais inimigos. Como por milagre as forças renasceram e após a dura batalha, os invasores foram expulsos.

A praça de guerra foi salva! Procuraram o menino-prodígio! Queriam homenageá-lo, honrá-lo, mas não o encontraram. Como aparecera assim desaparecera! “Foi um milagre de Jesus”- do Menino Jesus da Cartolinha - disse o povo.

Senhora do Monte
Distando pouco mais de uma légua da Cidade de Miranda do Douro, vê-se um lugar que se denomina de Duas Igrejas. Neste lugar existe um grande e magnifico templo, dedicado à Rainha dos Anjos, e nela é tida grande devoção a quem intitularam, Santa Maria do Monte ou Nossa Senhora do Monte: imagem de grande devoção por toda aquela terra.
É tradição, que esta Sagrada Imagem aparecera naquele mesmo sítio a uma pastorinha muda de poucos anos, à qual deu fala, para que anunciasse ao povo que “queria fazer aqui Sua morada e lhe fizessem uma Igreja, onde havia de ir muita gente, através dos tempos. Dizem mais, que o seu aparecimento foi sobre uma giesta ou escova. Este foi o trono glorioso, em que foi vista a Rainha dos Anjos Maria Santíssima.

Participou a pastorinha o favor que a Senhora lhe havia pedido, aos moradores do seu lugar. Acudiram todos a ver e a venerar a Mãe de Deus, e pretenderam levá-la, como o fizeram, para a sua Igreja, que já tinham dentro do lugar, e erigir-lhe nela uma capela. Porém não se acomodou a Senhora à sua vontade, mas à vontade do Altíssimo, porque era sua disposição que fosse venerada no mesmo lugar do seu aparecimento, porque sempre que a levaram para a igreja do lugar ela fugiu para a sua escova florida.
E esta fuga parece ter-se repetido várias vezes. O que visto pela gente daquele povo, resolveu fundar-lhe no mesmo sitio um templo, no qual até aos dias de hoje é venerada, dispondo-o de tal forma, que o Altar da Senhora, que é o maior, ficasse sobre a mesma escova ou giesta do seu aparecimento.

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